No momento você está vendo O seu cão é “intreinável”?

O seu cão é “intreinável”?

Será que meu cão não aprende como os outros? 

Será que meu cão é burro? 

Porque meu cão não responde tão bem ao treinamento?

Com certeza existem momentos em que não temos outra opção senão questionar o porque da dificuldade que alguns cães tem em aprender. Mesmo quando fazemos tudo que pudemos para tentar ser claros em relação ao que queremos, alguns cães simplesmente não parecem entender o que é esperado deles.

O porque será que alguns cães aprendem mais rápido que outros?

O mais óbvio a primeira vista é a diferença entre as raças, testes de inteligência desenvolvidos para medir a treinabilidade dos cães,, medem exatamente isso, a treinabilidade. Agora, dizer que eles medem a inteligência dos cães pode ser algo questionável.

Seria esperado que raças criadas por centenas de anos para finalidades específicas, reajam de forma diferente ao interagir com as pessoas e o ambiente.

Um terrier criado para caçar ratos em tocas, terá uma disposição muito maior para agir de forma independente e não focar tanto em comandos verbais do que um Border Collie que foi criado para ficar sempre muito atento a comandos verbais, mesmo quando trabalhando a distância.

Algumas raças tem na sua natureza a persistência e a capacidade de insistir sem se cansar, outras aceitam mudanças e condições impostas com maior facilidade.

Alguns cães foram criados para serem muito mais independentes e não necessitarem do contato com pessoas da mesma forma que outros e isso com certeza também influência na disposição desses cães em aprender o que você tem para ensinar.

Independente da raça do cão, devemos reconhecer que nossos amigos de quatro patas aprendem de diversas formas. Assim como com pessoas, existem maneiras diferentes de se ver e compreender o mundo.

A forma mais comum de aprendizado utilizada no adestramento é por associação e os cães são ótimos em fazer associações, o problema é que por não estarmos dentro da cabeça do cão, nunca temos certeza absoluta de tudo o que ele esta associando e ao que essas associações estão sendo feitas.

Um exemplo clássico é quando um cão faz as necessidade no local errado quando esta sozinho no ambiente mas, quando o proprietário esta próximo ele sempre acerta onde fazer. O que provavelmente aconteceu é que o cão fez uma associação de fazer as necessidades no local “X” quando tem gente por perto e que na ausência de pessoas a casa esta liberada e vira um grande banheiro.

Podemos dizer que esse cão não aprendeu? Não! Ele aprendeu sim! O problema é que ele aprendeu de um jeito que não era o que você queria ou esperava. Existiu um erro no processo de treinamento que vez com que o foco do comportamento ficasse associado com a presença de pessoas, isso acontece com frequência particularmente quando métodos punitivos são utilizados.

Muitos cães também aprendem que só devem responder a comandos em situações específicas, isso não quer dizer de forma alguma que não tenham aprendido os comandos, mas além de aprender aos comandos também aprenderam que eles só tem valia em casa, quando usando a guia, quando existem petiscos ou brinquedos presentes etc.

Não podemos justificar nossas falhas como educadores, culpando o intelecto dos nossos alunos. Temos que primeiramente reconhecer que existe uma chance muito grande que o aprendizado não esteja ocorrendo da maneira que queremos muito mais por nossa causa do que por culpa do cão.

Sabemos então que, para ensinar com sucesso é preciso planejar seus treinos para reduzir as chances de que seu cão faça associações que você não quer.

Outro fator que vai influenciar a qualidade do aprendizado é a motivação do aluno. Saber motivar seu cão é tão importante quanto saber o que se quer ensinar.

Nesse ponto, não existe uma formula que sirva para todos. O que devemos fazer é observar e estudar o aluno e reconhecer o que o motiva e depois, tentar controlar esses motivadores para alcançar nossos objetivos.

Motivadores também podem ser chamados de recompensas e elas estão sempre presentes, mesmo quando não reconhecemos.

Por exemplo: Para um cão que tem medo da rua, passear é uma punição e o simples ato de voltar pra casa é uma super recompensa. Mesmo sendo algo que você não possa ter no bolso e dar para o cachorro como um petisco ou brinquedo  ou até mesmo carinho, a recompensa esta presente e se reconhecida, pode ser utilizada para motivar o cão.

Motivação pode também estar relacionada a saúde e isso sempre deve ser cogitado inicialmente, certifique-se de que o cão não sente dor ou desconforto antes de tentar ensiná-lo.

Fatores genéticos também influenciarão o nível de motivação para recompensas como comida e brinquedos mas o treinador pode conseguir muitos avanços e maior entusiasmo se souber como estimular e utilizar os instintos naturais do aluno.

Eu já vi treinadores utilizarem a possibilidade de cheirar uma cadela no cio como recompensa por fazer obstáculos de agility, ou poder dar um mergulho em uma piscina todas as vezes que o cão responde a um comando específico, as possibilidades são infinitas e só depende da criatividade e capacidade de observação do treinador.

Lembre que motivadores são as coisas que o cão realmente quer, tentar dar comida quando o cão quer brinquedo diminui o poder motivacional da comida em um treino futuro, o mesmo serve para as pessoas que acham que podem recompensar tudo com carinho. Você pode até se enganar acreditando que o cão responde pelo carinho (pouquíssimos o fazem sempre exclusivamente por isso) mas se olhar mais a fundo verá que existem outros fatores que fazem com que o cão responda.

Meu intuito com esse texto não é tentar convencer as pessoas de que todos os cães podem aprender de tudo e responder da mesma forma. O desempenho vai sempre variar de acordo com as raças e principalmente de acordo com os indivíduos.

A questão aqui é reconhecer a habilidade que todos os cães tem de aprender o que queremos ensinar e o quanto nós somos importantes nesse processo.


Dante Dog Works

www.dantedogworks.com

Deixe um comentário