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Por que o Adestramento “POSITIVO” pode ser um bicho de duas cabeças?

Entender como a ciência do aprendizado funciona não parece ser um desafio insuperável para a maioria das pessoas, não é necessário pedir ajuda aos universitários para compreender o que são e como funcionam os condicionamentos clássico e operante. A verdade é que principalmente a internet, esta inundada de informações superficiais sobre a ideia de adestramento e mais recentemente sobre o chamado adestramento “POSITIVO” onde o treinamento de cães é supostamente feito sem o uso de punições.

Muitos acham que utilizar comida ou brinquedo nos treinos é o que faz o adestramento “POSITIVO”, na verdade a utilização de reforços de comida e brinquedo é uma prática que cria situações e associações positivas mas esta longe de ser tudo o que compõe uma metodologia de adestramento. Até porque por si só utilizar comida ou brinquedos não garantem que um cão vá ser treinado.

Ensinar comportamentos básicos de obediência e truques (hoje o adestramento vai muito além disso) utilizando recompensas é fácil de fazer, requer somente prática e talvez um pouco de paciência por outro lado, trabalhar na modificação comportamental de cães reativos, agressivos, obsessivos e fóbicos requer estudo e comprometimento por parte do profissional e também da família do cão sendo treinado.

Saber localizar e como utilizar reforços é o que vai te aproximar do sucesso, conhecer como funcionam correntes de comportamento, notar como uma mudança leve no “timing” de um reforçador pode alterar por completo o comportamento final do cão, entender como as médias de reforço podem guiar a maneira que você treina, notar e trabalhar com sinais de estresse e confusão, saber como a frustração pode ser parte essencial para o avanço do aprendizado. Tudo isso também faz parte do treinamento positivo, na verdade há muito mais coisas a se aprender, coisas que o “YouTube” não vai te ensinar.

O termo adestramento “POSITIVO” é uma dádiva e uma maldição ao mesmo tempo, por um lado remete a um trabalho onde o uso de recompensas é priorizado no aprendizado mas por outro ilude os leigos que além de não entenderem o que pode ser considerado punitivo para um cão, passam a achar que tudo o que precisam fazer é dar petiscos para o cão e ele eventualmente estará treinado.

Trabalhar com uma metodologia “POSITIVA” inclui ensinar a si mesmo a controlar suas reações, condicionar sua mecânica, enxergar constantemente as coisas que são favoráveis dentro do conjunto de comportamento do cão e saber como potencializa-las.

Significa buscar abordagens alternativas para as situações onde ser positivo não é tão óbvio ou natural, especialmente em uma sociedade cada vez mais frustrada onde a empatia não é cultivada e a reatividade é vista como demonstração de força.

Você que é adestrador, como se classifica?

Acredita que ainda falta algo para conseguir alcançar o sucesso que busca nos seus treinos?

Consegue comunicar aos seus clientes o necessário para que eles se sintam motivados e participem do processo?

Como você busca informações e experiências de qualidade para agregar ao seu trabalho?

Um adestrador completo sabe não somente treinar um cão mas também motivar seus tutores, sabe reconhecer que os estudos laboratoriais sobre comportamento são essenciais para o nosso trabalho e o que sabemos hoje mas que a vida real não é um laboratório e os conceitos devem ser adaptados para o dia a dia.

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